quinta-feira, 31 de março de 2011

Mudanças alimentares na Quaresma

Durante a Quaresma, os cristãos tradicionais deixam de consumir carne vermelha, principalmente nas quartas e sextas-feiras. Devido à abstinência, o consumo de ovos e de carnes brancas, como os peixes, aumenta consideravelmente, elevando a venda desses produtos durante essa época do ano. Além disso, durante a Semana Santa, o consumo de bebidas alcoólicas diminui, porque muitas pessoas deixam de ingerir álcool como forma de penitência ou alguma outra crença.

Atualmente, o costume de se abster de carne vermelha vem perdendo ritmo e até mesmo caindo em desuso, principalmente pelos mais jovens. Com uma formação católica tradicional, a senhora Osídia abre mão da carne vermelha na Quaresma, mas não se importa que outras pessoas deixem de fazer como ela. “Se eu não der conta de comprar (peixe) eu fico sem, mas num como não (risos). Hoje eu rejeitei churrasco e não comi. Meu menino levou lá na porta, eu falei não, hoje eu não como carne não.”, afirma.  

Já para Alvimar Dias, a Quaresma é um período normal, sem nenhuma alteração no cardápio. “Já tive já, sabe?! Só que eu mudei esse hábito, porque (...) eu cheguei a crer que não adianta, igualzinho, muitas pessoas tem essa tradição, né? Na Quaresma não come carne , num bebe, né? Mas chega na Páscoa, faz totalmente ao contrário, come muita carne, churrasco, bebida. Então, eu cheguei num ponto assim, pelo que eu vi até hoje, pra que fazer?”

E para atender clientes e consumidores que não consomem carne vermelha, os restaurantes, bares e supermercados precisam modificar seus cardápios. Entram no 'menu' nesse período os omeletes e aumenta a procura por peixes, como o bacalhau. Segundo Jorge Alves, comprador do setor de perecíveis de um supermercado de Divinópolis, há uma mudança nos ingredientes dos alimentos fabricados na padaria, substituindo presunto, carne moída por peixe ou frango. “Nós temos aí também os agregados, que a gente considera agregado, que é o setor de padaria, onde a gente faz uma diferenciação no mix da padaria, né? Que produtos que a gente levava presunto, a gente punha carne moída, hoje a gente coloca peixe, a gente coloca o frango” disse Jorge Alves.

A Quaresma para os católicos é um período de purificação da alma e do corpo. A mudança no cardápio possibilita a desintoxicação do organismo devido aos abusos diários na alimentação como ingestão de muitas frituras, carnes e poucos vegetais.
A estudante de nutrição Ariene Silva, orienta às pessoas que não comem nenhum tipo de carne, para que consumam ovo e leite, porque ambos são fonte de proteína. Além disso, ela recomenda: “Associar sempre o grupo dos cereais, que seria, por exemplo, o arroz, massa em geral, com o grupo das leguminosas, que seria por exemplo o feijão. Porque aí vai ter todas as proteínas que você precisa; todos os aminoácidos essenciais.” 

Outras dicas são: para uma melhor absorção dos nutrientes, após as refeições é indicado tomar um suco ou comer uma fruta cítrica, como laranja ou limão. A escolha ideal é a de alimentos grelhados ou assados, porque durante o processo de fritura os alimentos tendem a perder suas propriedades nutricionais. E é bom dar preferência pelos peixes ricos em ômega 3, como a sardinha e o bacalhau.
Alguns cuidados na hora de comprar peixe:
  • Verifique a higiene do local e dos funcionários que manipulam os produtos;
  • Quando o peixe estiver fresco é preciso observar se as escamas e a cauda estão firmes, se as guelras estão vermelhas e os olhos brilhantes; 
  • A carne do peixe não deve se separar dos ossos; isso é sinal de deterioração; 
  • Outro sinal de deterioração é quando, ao apertar a barriga do peixe, a pele demorar a voltar;
  • Em caso de peixes congelados, fique sempre atento ao prazo de validade, à vedação do produto e ao resfriamento deste; se a temperatura do congelador condiz com as instruções da embalagem;
  • O peixe deve ser a última coisa a ser comprada no supermercado para garantir o resfriamento do mesmo. E ao sair do mercado, vá direto para casa para colocá-lo na geladeira. (Fonte: Vigilância Sanitária)
Reportagem: Fabrício Terrezza, Júlia Medeiros e Larissa Moura

Novo estádio, sonho antigo

Na década de 80, o então prefeito da cidade de Divinópolis, Galileu Texeira Machado, planejou a contrução de um estádio no município com  infraestrutura suficiente para receber outros esportes, além do futebol.

Hoje, trinta anos depois, o projeto ainda continua no papel, segundo o ex-prefeito por falta de recursos. Ele salienta que a contrução só será possível a partir da parceria entre governos e instituições privadas, como é o caso do projeto do estádio de Nova Serrana, cidade vizinha.

Divinópolis já possui um estádio, o Waldemar Texeira de Faria, porém de acordo com o capitão do Corpo de Bombeiros, Joselito de Paula, o local se encontra em condições precárias. Nesta medida se torna um risco para os torcedores e funcionários do estádio. Por exemplo, este ano, durante o jogo América-MG e Guarani houve um curto circuito no Farião.
Outro problema citado pelo Capitão é a população próxima ao estádio que assite aos jogos em cima da laje da própria casa, que arrisca assim a sua própria vida.

Reportagem: Bruna Borges, Cristiane Fernandes e Marina de Morais

segunda-feira, 28 de março de 2011

Aborto


O aborto trata-se da morte de uma criança no ventre da mãe, sendo quando ainda é um feto ou quando a gravidez já está em um estágio mais avançado. A mulher pode sofrer aborto espontâneo ou de forma voluntária, e é esta última que gera muitas polêmicas e debates de opinião pública, com pessoas a favor da liberdade da mulher em relação às decisões sobre ter ou não o filho e outras que são totalmente contra, por motivos de crença ou mesmo por valores morais e éticos.

No Brasil, várias clínicas que ofereciam o aborto já foram fechadas, isso porque de acordo com a legislação brasileira é crime sim, sendo autorizado quando houver risco de vida da gestante ou gravidez resultante de estupro.

Mas nem todos pensam assim, o aborto é um tema muito polêmico e quando o assunto é discutido por um grupo, várias opiniões são demonstradas, algumas consideram crime até mesmo quando a família não tem condição financeira para criar, ou mesmo por que não quer o bebê. Já outras concordam com a lei, posicionamento com o qual me identifico.

A partir do momento do início da gravidez, o feto já é uma criança e ela não tem culpa nenhuma, pois as escolas e a mídia mostram várias formas de se evitar uma gravidez, além do grande número de campanhas desenvolvidas por agentes de saúde com a distribuição de camisinhas, então se uma pessoa começa o processo de gravidez, foi por descuido então a criança deve sim nascer.
           
No caso de estupro, como não foi planejado e como não existe uma relação de afeto entre a mãe e a criança, considero aceitável, mas ainda penso que deve ser refletido, pois apesar da criança ter sido gerada em um momento de sofrimento, o bebê é sangue dela e se ela sentir-se segura em ter a criança, ela não deve abortar e deve criá-la sem culpá-la.
           
No caso de risco de vida para mãe, avalio que a condição tem que ser bem avaliadas e discutidas com o médico, caso seja necessário faça o aborto. Afinal, quem somos nós para decidir quem deve viver, e além de matar alguém as pessoas que praticam o aborto acabam arriscando suas próprias vidas em clínicas clandestinas, inadequadas para realizar esta cirurgia.

Cristiane Fernandes

Mudanças que geram desconforto

A secretaria de trânsito e transporte de Divinópolis modificou vários espaços da área central da cidade. Em diversos pontos, como no bairro Porto Velho, além do sinal de trânsito, foram colocadas quebra-molas na rotatória que dá acesso aos bairros Mangabeiras e Interlagos. A mudança não agradou aos motoristas e muito menos aos moradores que já esperam um número maior de acidentes.

A SETTRANS acredita beneficiar a população. Mas a verba gasta nestas reformas poderia ser usada em outros locais da cidade, onde a situação do trânsito se torna cada vez mais precária.

Em alguns bairros o tráfego de veículos está limitado devido a quantidade de buracos que impedem os veículos de entrarem nas garagens. Situação que ganha evidência na mídia durante o período chuvoso. Porém, quando a prefeitura é acionada pela mídia as respostas são sempre as mesmas: “A secretaria de operações urbanas e defesa civil pede ao moradores que esperem o período chuvoso passar que as reformas serão feitas”. Absurdo!

Todos os anos os problemas e as respostas se repetem.  Então por que a prefeitura não planeja uma ação para minimizar estas situações que deixam os moradores de certos bairros indignados? Faltam verbas ou profissionais qualificados, dispostos a trabalhar pelo bem comum? É fácil tomar uma posição, um lugar de destaque e pedir paciência aos moradores. Isso é muito simples! É fácil também mostrar serviço apenas na área central da cidade. É preciso lutar pelo povo, e o que o povo quer é assistência nas áreas críticas que não são visualizadas pela prefeitura de Divinópolis. Mas a prefeitura tem conhecimento dos problemas, sim!

O secretário de obras conhece (deveria conhecer) a realidade de Divinópolis, e se algumas secretarias têm verbas suficientes para alterar o trânsito na cidade porque não usar a verba para solucionar outras questões que sempre vêm a tona no período chuvoso. As autoridades da cidade esperam o que? Já está tudo estampado. A mídia não pára de pautar os problemas nos bairros. Seria até mesmo um pecado falar que está tudo sob controle! Cada dia a intensidade da chuva parece aumentar e em alguns bairros os moradores já estão ilhados confiante na ação da prefeitura, que nada faz. 

Bruna Borges

domingo, 20 de março de 2011

A desordem na Ordem dos Músicos do Brasil


Desde os 13 anos de idade faço parte do universo musical, tocando em eventos, recitais, ensaios ou apenas por diversão. Entretanto, há uma questão que perpassa o contexto de nós, músicos brasileiros, que não possui nada de divertido: a atual desordem da Ordem dos Músicos do Brasil, a OMB. O que deveria ser um local de debate e reivindicações dos músicos parece ter se tornado um comércio livre de carteiras.

A situação é aparentemente simples: de acordo com a Lei Federal n° 3.857, uma pessoa só pode exercer livremente a profissão de músico em território nacional se possuir um registro na OMB. Para conseguir esse registro é necessário fazer uma prova prática exigida pela Ordem e depois retirar a carteira de músico. Até então, tudo parece organizado e direito. O problema está na realização desta prova: ela custa R$200 e dura menos de um minuto, ou de três acordes. Existem duas modalidades de prova, a de músico prático e a de profissional. Na prova de modalidade prática o músico pode tocar o que quiser, não há restrições. Um acorde, um músico. Não são exigidos conhecimentos práticos ou teóricos de música. Na modalidade profissional, o músico deve tocar uma peça exigida pela própria ordem. Mas é algo banal e curto assim como a prova de músico prático - as duas modalidades possuem o mesmo valor legal e financeiro.  Sem falar sobre a manutenção destes registros: R$110 ao ano. Se a Ordem funcionasse como um sindicato, a favor de seus filiados isso não seria um problema. Mas em contrapartida dos R$200 da prova e dos R$110 de anuidade nada mais é oferecido, apenas um registro para que o músico possa exercer sua profissão dentro do Brasil. De acordo com a própria OMB, apenas esse registro pode provar que alguém é músico, fotos e vídeos não possuem qualquer valor.

A cantora Rita Lee já se posicionou publicamente sobre o assunto durante a gravação do seu álbum Rita Lee MTV Ao Vivo, dizendo que “a OMB não serve para nada, devia acabar isso. Só come o dinheiro da gente”.  O que deveria ser um ato de livre arbítrio, fazer parte ou não da Ordem, é, na verdade, uma obrigação. Por isso, aplaudo de pé a iniciativa de estados como São Paulo, que tem sua própria norma sobre o assunto, não exigindo o registro junto à classe. Afinal de contas, como uma instituição tem o poder de dizer quem é ou não músico se ela mesma não exige do candidato conhecimentos específicos? Dessa forma, a lei confirma a ideia de que qualquer um pode ser músico, desde que tenha R$200. E a própria classe de músicos é contra sua Ordem, mas sem o registro não há shows, concertos, eventos. E mais: os músicos sem registro que tocam em eventos públicos estão sujeitos a penalidades, e projetos relacionados à música aprovados em lei ou fundo de incentivo à cultura, seja em âmbito federal, estadual (exceto em São Paulo) e municipal sem registro não são hipóteses nem de longe.

Marina de Morais

Projeto Jogo Justo, uma iniciativa consciente


A carga tributária brasileira, segundo dados de 2009, atingiu 40,28% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o IBPT. O brasileiro trabalha 147 dias ao ano, ou seja, até o mês de maio, para pagar, exclusivamente, seus impostos. Em comparação com outros países do mundo, vemos cargas tributárias tão altas apenas em alguns países europeus. Como exemplo de tributação maior que a brasileira temos a Suécia, em que é recolhido aproximadamente 185 dias, um mês a mais que o Brasil, porém neste país o Estado oferece serviços públicos de qualidade a sua população, ou seja, paga-se, mas há retorno.

Outro aspecto importante a ser notado sobre as tributações abusivas é o caso dos jogos importados vendidos em nosso país. A cada ano, aumenta mais o consumo de jogos para Playstation, Xbox, entre outros consoles e para o mercado brasileiro essa é uma oportunidade de ouro que não deve deixar de ser notada. Porém os impostos altos acarretam em um aumento considerável da pirataria, e, por consequência, conquistamos o quarto lugar no ranking de pirataria no mundo. Isso agrega ao Brasil uma fama ruim e diminui a possibilidade de instalação de empresas do ramo em nosso solo.

Há um projeto chamado Jogo Justo, idealizado pelo administrador Moacyr Alves Júnior, que busca diminuir a carga tributária nos jogos importados. A intenção do projeto é mostrar, por meio de relatórios, baseados em informações comerciais de desenvolvedores e lojistas, que o mercado de games nacional tem um enorme potencial. Além disso, visa diminuir o preço dos jogos, dos aparelhos de videogame e de seus periféricos. Isso fará com que o consumidor final tenha mais contato com os games, forma de cultura cada vez mais disseminada no mundo, além de, se usado com moderação, traz divertimento e aumento da coordenação motora.

No México, quando houve diminuição dos impostos, o mercado de jogos cresceu oito vezes, trazendo fortalecimento para a economia. Este país será usado como comparativo para o Projeto Jogo Justo.

Com a diminuição da tributação, mais pessoas terão interesse em comprar jogos, além da diminuição da pirataria. Isso fará com que o mercado brasileiro se desenvolva, além da possibilidade de mais produtoras se instalarem no Brasil, gerando de forma gradativa, mais empregos no setor.

Há dois tipos de pirataria em nosso país: aquela em que o produto chega ao país por meios ilegais, e por consequência não sofre tributação. Esse método geralmente acontece através de pessoas, os chamados “sacoleiros”, que vão até o Paraguai para comprarem diversos objetos, principalmente eletrônicos, e revenderem no Brasil. Mas há também os produtos piratas feitos em nosso próprio país e vendidos por camelôs. Essa prática consiste em uma reprodução não autorizada dos jogos, feita muitas vezes em computadores caseiros com softwares de cópia de CDs e DVDs. Ambas as práticas constituem crime e acarretam em perda para o país, visto que os produtos não sofrem tributação, além de causarem antipatia pelo país das empresas criadoras dos jogos.

Com a criação do projeto houve uma mudança de postura das empresas internacionais e nacionais de desenvolvimento e revenda do setor de jogos. Elas agora firmaram parceria com o Jogo Justo para que as tributações diminuam. Também perceberam que o brasileiro quer poder comprar uma cópia original de seus produtos. O imaginário da malandragem brasileira, amplamente difundido no exterior e até no cenário local, vem dando lugar a uma postura de consciência social. As empresas que apóiam o Jogo Justo são muitas e, a cada dia mais, surgem novas parcerias. Dentre elas estão Wal-Mart; Leitura; Ponto Frio; Hudson, empresa japonesa conhecida mundialmente por dois jogos clássicos, Bomber Man e Deca Sports; EA Eletronic Arts™, produtora de jogos como Need for Speed e The Sims e a parceria mais recente é com a RaLight Solutions, empresa espanhola independente que trabalha nos seguintes ramos: criação e desenvolvimento de conteúdos para os formatos digitais, comercialização de closeouts e representação de licenciamento de videogames e jogos de PC para o mercado latino-americano, incluindo o Brasil.

O Projeto Jogo Justo está caminhando com seriedade e insistência e já pode ser considerado um projeto forte. Torço para que esta iniciativa não ‘acabe em pizza’ e que realmente seja concretizado seu objetivo, pois isso trará imensa oportunidade de crescimento da economia brasileira e do desenvolvimento da consciência social contra a pirataria.

Larissa Moura

A vida em off


A correria do dia a dia imposta pelos tempos modernos nos empobrece. Nós humanos nos tornamos seres egoístas, muitas vezes grosseiros, despreparados, e acima de tudo carentes. São tantos os problemas, os desafetos, as desilusões, as más notícias que tudo que ocorre no mundo atualmente virou comum. É como se nada mais nos abalasse ou pudesse nos atingir.

Criança ficar presa dentro de casa porque brincar na rua é perigoso e está tomada de marginais é cada vez mais aceitável. Jovens frequentarem locais restritos e se encontrarem principalmente em ambientes movimentados são medidas adotadas para tentar escapar da criminalidade cada vez maior e mais violenta. Hoje nada mais pode, e ninguém reclama ou sente falta dos tempos das voltas de mãos dadas nas praças, dos passeios nos parques aos domingos, das brincadeiras de roda na rua que virava a noite. Isso é passado; ficou em outro tempo.

Todas as mudanças influenciam e deixam marcas que refletem na identidade de cada pessoa. Quem soube aproveitar bem a infância, com certeza saberá dar boas dicas para os filhos, mesmo que as brincadeiras precisem ser adaptadas para acontecer entre as paredes do apartamento. Quem brincou com água, terra, bolinha de sabão, bambolê, cantou cantigas de roda, terá um repertório para dividir entre os filhos, sobrinhos e qualquer criança que desperte a atenção.

Já por outro lado, muitas das crianças de hoje não tem mais a oportunidade de “acesso” a esse universo das brincadeiras, que num passado não muito distante, se fazia presente no cotidiano infantil. Temos hoje, praticamente “crianças eletrônicas”, que se sentem felizes e acima de tudo poderosas quando estão com um controle na mão, seja ele de vídeo-game ou televisão, diante de um computador, ou qualquer outra coisa que se enquadre na era digital.

O que os atraem são as novas tecnologias, mas eles não são responsáveis por isso. Apenas acompanham as mudanças avassaladoras do mundo, que chegam sem pedir licença, sem manual de instruções e sem prazo de validade, como é o caso da internet, que deve permanecer para sempre. 

Muitas dessas mudanças trazem benefícios, mas vejo que em sua maioria são capazes de nos tornar seres humanos cada vez mais frios, sozinhos, deixando cada um em um cantinho da casa. Teremos consequências dessas atitudes? Com o afastamento, com a solidão, e com apenas o mundinho virtual online e o resto da vida em “OFF”, a tendência é permanecer estático, sem muita saída, continuando a aceitar todas as notícias do jornal das oito, assistir a novela das nove, ver um joguinho de futebol no meio da semana para quebrar a rotina, assistir um programa chato de auditório aos domingos, e no mais, dar “play” e continuar a “viver a vida”.    

Júlia Medeiros

sábado, 19 de março de 2011

A internet como espaço de opinião pública


A Internet é um espaço democrático. Isso já é opinião de muitas pessoas. Essa afirmação partiu da idéia de que o espaço virtual possibilita a troca de opiniões e informações de ambos os lados – emissor e receptor. E isso mudou também a forma de denominar produtores e receptores, uma vez que na Internet exercemos ambos os papéis. Para publicar algum material na rede, hoje, não é necessário ser um especialista.

O ciberespaço é aberto, possibilitando que qualquer cidadão poste suas notícias e outros conteúdos, o que é chamado de jornalismo participativo. Vários autores defendem esta idéia, como o professor da UFRS Alex Primo, que já escreveu diversos artigos sobre o assunto. Para ele, o jornalismo participativo possui uma diversidade temática muito grande e que deve ser valorizada, podendo até ser pautada pela imprensa especializada. Segundo Primo – e o mais importante, não deve ser motivo de preocupação para os profissionais do jornalismo, porque essa atividade colaborativa das pessoas não afeta em nada na atuação nem põe em risco a profissão.

A partir desse movimento, surge algo interessante: os cidadãos fazem uma espécie de convergência entre as mídias Internet e TV, levando o discurso de uma para outra e dali gerando várias discussões – produtivas, ou não. Para exemplificar, o vídeo postado no Youtube do editorial de um telejornal da TV Tambaú, na Paraíba, a jornalista Rachel Sheherazade tece comentários um tanto exaltados sobre o Carnaval e suas “verdades e conseqüências”. O vídeo foi parar na Internet e foi se espalhando ainda mais através das redes sociais, levando o nome da jornalista aos mais citados do microblog Twitter. A polêmica foi tanta que, no dia seguinte, Sheherazade se pronunciou no telejornal, justificando-se que não intencionava gerar tamanha repercussão – mas não deixou de enfatizar as afirmações anteriores sobre “a festa que paralisa o Brasil por cinco dias”.
           
O internauta responsável pela postagem do vídeo no YouTube foi citado pela jornalista em sua justificativa, agradecendo-o pela divulgação do conteúdo. Nesse ponto, de fato, o internauta possibilitou que o mundo todo pudesse assistir ao comentário da jornalista feito sobre o Carnaval, em um estado nordestino em que, predominantemente esse tipo de festa é mais forte. A verdade é que o internauta abriu o leque de discussões a nível nacional, não permitindo que o comentário feito não ficasse restrito somente à Paraíba; o que deveria ser feito sempre. Muitas pessoas comentaram, manifestando sua concordância ou não, o que é extremamente válido, até para termos uma idéia de como anda a produção do jornalismo no Brasil e como as pessoas percebem isto.

Tatiane Fonseca

Campeonato Brasileiro pode ser transmitido em várias emissoras


No “racha” do Clube dos 13, clubes negociam diretamente com emissoras de TV

Os direitos de transmissão das edições do Campeonato Brasileiro 2012, 2013 e 2014 via Clube dos 13 são da Rede TV!. O anúncio dado nesta última sexta-feira, dia 11, provocou polêmicas e dissenções por parte dos clubes brasileiros e seus torcedores. Alguns destes clubes se posicionaram de maneira contrária e decidiram fazer as negociações individualmente, sem necessidade de intervenção de outra instituição, como é o caso do Corinthias, que chegou até se desvincular do Clube dos 13. A meu ver, o que parece ser apenas uma disputa de emissoras e clubes por status e visibilidade pode ser também uma mudança significativa na venda de produtos e reposicionamento de marcas no mercado futebolístico, mas principalmente de fragmentação das exibições do campeonato. Neste sentido, a briga pelo primeiro lugar em audiência é apenas um elemento das  várias discussões em torno das “novidades” do Campeonato Brasileiro 2011, que não tem como foco a abrangência na transmissão ou, em qual canal de TV o torcedor prefere assistir os jogos. Quem dera tivéssemos este conforto! Neste início de ano a pergunta é “Quem paga mais?”.

Ao longo de mais de 25 anos a Rede Globo estabeleceu uma parceria com os clubes para a transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro. Relação contestada muitas vezes pelos torcedores mineiros não por causa da transmissão, umas das melhores do mundo por sinal, mas pela
“simpatia” de alguns narradores. Um exemplo clássico é o canto e os gritos das torcidas nos estádios com xingamentos direcionados a tal narrador. Apesar deste fato isolado, a Globo mantêm relação estreita com seus telespectadores que praticamente já estão habituados aos horários dos jogos: na quarta-feira após a novela; e no domingo a tarde. Este ano, a emissora decidiu não continuar com as negociações junto ao Clube dos 13 já que não contava com a cláusula de preferência ao seu favor. Por sua vez, a Rede Record desistiu após a saída de alguns clubes do Clube dos 13. Com isso, a Rede TV! assume os direitos das próximas edições do campeonato, porém, alguns clubes irão negociar seus jogos diretamente com as emissoras abrindo possibilidades. Nesta disputa a Rede Globo saiu na frente para fechar negócio com Grêmio por 60 milhões por ano, e oferecer proposta à Corinthias, Flamengo, entre outros clubes, sendo assim, acredito que não será novidade para ninguém que a receita dos times de grandes torcidas cresça gradativamente este ano devido a uma venda mais abrangente que os outros.

Em Minas Gerais, apenas o Atlético definiu seu futuro. Segundo o Presidente do clube, Alexandre Kalil, as negociações serão feitas por intermédio do Clube dos 13, decisão esta, oposta ao rival que optou por negociar diretamente com as emissoras. A decisão tomada pelo Cruzeiro não agradou Kalil que contestou a posição do rival. Segundo o Presidente do Atlético a não participação do Cruzeiro provocará um prejuízo muito alto ao longo do campeonato, isso porque se os dois clubes mineiros comprassem o pacote de produtos da mesma emissora, conseguiriam um desconto. Zezé Perrela afirmou nesta última segunda-feira, dia 14, que não irá sair do Clube dos 13, porém irá negociar individualmente e que, inclusive, já ouviu a proposta da Rede Globo e aguarda a posição da Record. Penso que esta decisão da diretoria do Cruzeiro é uma aposta no crescimento das vendas de produtos devido à ascensão do time. Há quatro anos consecutivos o clube participa da Copa Libertadores da América e se mantêm entre os cinco primeiros do Campeonato Brasileiro. Por isso, a possível troca de emissora neste momento realmente não seria o mais indicado.

Esta novela ainda deve perdurar no mínimo até o início do campeonato, já que existe possibilidade de alguns clubes fecharem negócio com a Rede Record. Entendo que a solidificação do Campeonato Brasileiro, enquanto um produto de empresas, se deu junto a uma única emissora de TV e que seria um começo bom para o processo de democratização dos veículos de comunicação no país, porém, acredito que esta nova etapa do futebol brasileiro irá dispersar o campeonato em várias emissoras, na medida que a Rede TV! conseguiu sua parcela junto ao Clube dos 13. A Rede Globo já negociou com alguns clubes e deve fechar com outros e a Rede Record, por sua vez, já avisou que não ficará para trás e que quer transmitir os jogos. A meu ver, esta pode ser uma oportunidade para repensarmos a abertura de espaços na televisão para outros esportes como o vôlei e o basquete, esportes em ascensão em Minas Gerais, principalmente às vésperas de um evento tão importante quanto às Olimpíadas (2016). Aliás, o Brasil pode ser considerado o país do futebol, mas creio que pode ser também de outros esportes!
 
Wanderson Brandão