quarta-feira, 18 de maio de 2011

RESENHA

Wasting Light: Foo Fighters in natura

Em meio a um mundo que tem cada vez mais se mostrado digital, eles tentaram fazer diferente, neste décimo álbum da banda. Wasting Light é o nome do novo álbum do Foo Fighters, banda que tem como guitarrista Dave Grohl, ex-Nirvana.

O experimentalismo da banda se superou dessa vez: todas as músicas foram gravadas em aparelhos analógicos. Daqueles do tempo do Led Zeppelin, em que toda a banda tinha que tocar ao mesmo tempo e sincronizada para gravar uma música. Nada de instrumentos separados, tratamentos sonoros, detalhes cheios de perfeição que o digital nos proporciona hoje. Apenas o rock nu e cru, e o melhor do Foo Fighters “in natura”.

E a novidade não para por aí: cerca de um mês antes do lançamento oficial de Wasting Light a banda gravou ao vivo, do estúdio onde ensaia, todas as músicas do álbum, na íntegra. A transmissão aconteceu pelo site Youtube. Foram quarenta e nove minutos de show via internet, curtidos por milhares de fãs.

O que há de mais intrigante no novo álbum é sua pegada que mistura todos os subgêneros do rock, que vão desde o new metal, perpassando o grunge, até o punk. E também o fato de serem três guitarras, e não apenas uma como era o formato adotado pela banda, o que não é comumente usado desde Iron Maiden. A mistura de ritmos e sentimentos pode ser percebida já na primeira música “Bridge Bruning”, que conta com gritos, calmaria e bastante distorção.

Na segunda faixa, “Rope”, há um brincadeira para criar uma certa confusão auditiva, como se fosse impossível saber de onde saem os riffs das guitarras. A música é calma – o que não a torna menos rica, principalmente pelo belo solo de guitarra ao final.

“Dear Rosemary” é de se emocionar, com o instrumental sentimentalista, em oposição à sua faixa seguinte “White Limo”, que, como diriam os roqueiros, é a faixa mais “pauleira” do álbum – para concretizar isso o clipe tem a participação especial de Lemmy, do Motorhead. Na sequencia “Arlandria” e “These Days” tem muito em comum, demonstram tristeza e ao mesmo tempo o desespero através dos gritos de Grohl.

O destaque de “Black & Forth” vai para a bateria, que lembra o chamado “rock baladinha”, dos anos 80. Se por um lado “A matter of time” parece ter influências dos Ramones, por outro “Miss the misery” parece ter saído direto de Creedence. Como pode uma banda diversificar tantos estilos sem perder sua identidade e qualidade musical? Pergunte aos Foo, de experimentalismo agora eles entendem.

Por fim, “I shoud have know” e “Walk” parecem ser trilhas sonoras perfeitas para filmes de drama, com o instrumental sensível, bem trabalhado, letras energizantes,  gritos e berros que nos levam ao âmago do Foo Fighters. O fim do álbum pede continuação.

Gravar em analógico, transmitir ao vivo na íntegra online, com três guitarras, não deve ter sido um trabalho fácil, mas parece ter valido a pena. Muitos sites como “Tenho mais discos que amigos!”, que é escrito por próprios fãs do Foo Fighters, indicam o álbum como o melhor da banda até hoje.

Wasting Light é uma espécie de remédio para todos os momentos da vida: os alegres, tristes, desesperadores, de alívio, reconfortantes. Isso sem perder a dose exata do “bom e velho rock’n’roll”. O álbum foi lançado dia 11 de abril e já tem mais de 100 mil cópias vendidas.

Por Marina de Morais

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