quarta-feira, 15 de junho de 2011

Nada Mudou

Por Larissa Moura

Desde o descobrimento do Brasil a palavra de ordem é desmatar. Para conquistar, para angariar riquezas, para ter poder. Antes, o desmatamento era visto como uma obrigação, afinal a colônia deveria servir Portugal, seu país colonizador, com matérias-primas. E lá se foi nosso pau-brasil, nossos diamantes e, principalmente, ouro. Ah, o ouro... deixou Igrejas em Portugal, fábricas na Inglaterra e buracos no Brasil.


Atualmente, ainda existe a gana por enriquecimento fácil e o desmatamento, principalmente da região norte brasileira, está desenfreado. Vemos nos noticiários, quase diariamente, queimadas na Floresta Amazônica, extrativismo ilegal e mortes. Fim da vida de imensos carvalhos, jacarandás, jatobás, mognos, seringueiras. Ah, e não podemos deixar de fora os cidadãos corajosos que lutam contra esta violência chamada desmatamento.


Não precisamos ir muito longe para nos lembrar de pessoas mortas por denunciarem abusos de grandes latifundiários e madeireiros. No dia 24 de maio de 2011, os extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foram mortos em uma emboscada por denunciarem fazendeiros e madeireiros que cometiam o desmatamento ilegal e a grilagem de terras. Ambos eram ameaçados desde 2008 e o descaso das autoridades culminou na emboscada que os levou à morte.  Podemos lembrar também a missionária norte-americana Dorothy Stang, morta em 12 de fevereiro de 2005 e  Chico Mendes, líder dos seringueiros, morto em 1998, ambos assassinados por denunciar os crimes contra o meio ambiente.


Parece que estamos ainda no período colonial, em que o que manda é o poder, conseguido através do dinheiro, muitas vezes sujo de sangue e seiva. Não evoluímos, continuamos seguindo a filosofia colonialista de enriquecimento. Não adianta fazermos campanhas nacionais do tipo “Salve a Amazônia” apenas; o Estado deve punir rigorosamente os criminosos e proteger os denunciantes, que ficam a mercê de embocadas, com suas cabeças valendo generosos prêmios. Não estamos em época de colonização e tão pouco faroeste. Está na hora de percebermos que nada mudou e precisamos evoluir.



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