segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Rock Caipira

Rua do rock” se apresenta como vitrine para bandas e grupos artísticos de Divinópolis (MG)

No início da década de 1990, além dos ícones transgressores da cena do rock, dois fenômenos iriam influenciar os mais jovens no Brasil, a MTV e a banda mineira Sepultura. De uma hora para outra, as garagens e quartos ficaram cheios de jovens se espremendo entre equipamentos musicais. Em estrídula e desafinada voz, qualquer um que dedilhasse em dó maior uma pianola de brinquedo e soubesse editar no movie maker já estava prestes a conseguir seguidores no Twitter e Facebook. O espírito empreendedor dos jovens divinopolitanos, ao longo do tempo, desde da década de 1990, também se contagiou e criou seus próprios espaços para apresentações artísticas e musicais, principalmente do gênero rock. Lugares como Shape, Bar do Sandro, Murasky e Dublin ainda estão bem vivos na memória dos que fazem o sinal com o indicador e o dedo mindinho.

Não muito diferente, hoje, no momento, em Divinópolis, no centro-oeste mineiro, há dois espaços para a expressão da cultura do rock. Um deles localiza-se ao final da rua Pitangui, no bairro Bom Pastor. Lá pulsa a “Rua do Rock”. São cinco e meia da tarde e as apresentações das onze bandas estão quase começando. O cheiro de maconha exala. Os músicos estão no palco, o som é potente e o local começa a encher. Pessoas de todos os estilos e idades, principalmente os mais jovens se aproximam. O som das guitarras sendo afinadas, da microfonia ecoam fazem os corpos se mexerem. O local do evento, promovido pelo poder público, e plano longe de áreas residenciais para não incomodar outros futuros eleitores. Várias etnias do gênero se reúnem pela velho bordão "Sexo, Drogas e Rock n' Roll", em medidas menores que as dos bit nicks. Um grupo de músicos próximos ao palco exaltam o evento dizendo que não é apenas reprodução dos hits dos quais fomos inspirados, aqui todos tem a chance de apresentar o trabalho autoral, é o que afirma Gabriel Tonelli, guitarrista da banda Plugness. Para o secretário responsável pela pasta “Cultura” de Divinópolis, Bernardo Rodrigues, o filão está aí. "Este será um espaço para valorizar as bandas e grupos do gênero", ele afirma. Toda infraestrutura também é cedida pela Secretaria de Cultura que promete que este evento entre para o calendário cultural da cidade. Para Bernardo, uma outra intenção do evento seria a de dar conta da demanda do número de bandas em relação aos espaços de apresentação oferecidos.

Bem próximo ao palco, quase surdos e chamando bastante atenção pelo corte de cabelo, um grupo todo de preto, uma vertente do rock, mas que não gosta de rótulos, diz que é uma grande iniciativa visto que dificilmente a prefeitura apoia eventos ligados ao underground. Ainda é dia e dezenas de jovens com idade entre 15 e 18 anos, apreciam as performances das bandas. Para Ângelo Eugênio, frequentador desse tipo de evento e esteve na última edição do palco livre "Dia do Rock", ressalta que até aquele momento, quase anoitecendo, não ouviu nenhum nome de político ainda, mas que não demora muito aparecer um monte de santinhos espalhados pelo chão dizendo que a ideia foi do partido A ou B. "Mas, em geral, a iniciativa foi aprovada e, mesmo com a intenção de influenciar, é melhor que isso aconteça longe de qualquer acorde de pagode ou axé", finaliza Ângelo. No mais, para uma outra banda, a politica sempre vai querer pegar carona, mas chegou a hora de valorizarem mais de quinhentas pessoas prestigiando o evento.

Palavra de músico

O vocalista da banda Jokie, Erik Rizatto, apóia a idéia de ter um evento de rock fazendo parte da programação cultural de Divinópolis, pois, segundo ele, a cidade precisava abrir mais espaço para este estilo musical. Para Erik, o evento poderá ter sucesso se funcionar todo em conjunto. “Não basta só o espaço, não basta a
oportunidade, depende dos participantes das bandas e do público fazer
este evento valer a pena”, ressalta. Se depender de apoio das bandas locais, a Rua do Rock vem mesmo para ficar. Alexandre Alves é vocalista da banda Commando, e se apresenta pela segunda vez no palco. Agora, ele espera que o público seja maior, pois da primeira vez, a banda cover dos Ramones fez um show de apenas quinze minutos. Alexandre acredita que Divinópolis tem público suficiente para esse tipo de evento e é uma boa oportunidade para a divulgação de novas bandas. “A Rua do Rock é uma ótima opção para um  grande público e quem sabe até mesmo promovendo  novos talentos regionais”, aponta.

Texto: Fabrício Terrezza
Edição: Tatiane Fonseca

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