domingo, 20 de março de 2011

Projeto Jogo Justo, uma iniciativa consciente


A carga tributária brasileira, segundo dados de 2009, atingiu 40,28% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, o IBPT. O brasileiro trabalha 147 dias ao ano, ou seja, até o mês de maio, para pagar, exclusivamente, seus impostos. Em comparação com outros países do mundo, vemos cargas tributárias tão altas apenas em alguns países europeus. Como exemplo de tributação maior que a brasileira temos a Suécia, em que é recolhido aproximadamente 185 dias, um mês a mais que o Brasil, porém neste país o Estado oferece serviços públicos de qualidade a sua população, ou seja, paga-se, mas há retorno.

Outro aspecto importante a ser notado sobre as tributações abusivas é o caso dos jogos importados vendidos em nosso país. A cada ano, aumenta mais o consumo de jogos para Playstation, Xbox, entre outros consoles e para o mercado brasileiro essa é uma oportunidade de ouro que não deve deixar de ser notada. Porém os impostos altos acarretam em um aumento considerável da pirataria, e, por consequência, conquistamos o quarto lugar no ranking de pirataria no mundo. Isso agrega ao Brasil uma fama ruim e diminui a possibilidade de instalação de empresas do ramo em nosso solo.

Há um projeto chamado Jogo Justo, idealizado pelo administrador Moacyr Alves Júnior, que busca diminuir a carga tributária nos jogos importados. A intenção do projeto é mostrar, por meio de relatórios, baseados em informações comerciais de desenvolvedores e lojistas, que o mercado de games nacional tem um enorme potencial. Além disso, visa diminuir o preço dos jogos, dos aparelhos de videogame e de seus periféricos. Isso fará com que o consumidor final tenha mais contato com os games, forma de cultura cada vez mais disseminada no mundo, além de, se usado com moderação, traz divertimento e aumento da coordenação motora.

No México, quando houve diminuição dos impostos, o mercado de jogos cresceu oito vezes, trazendo fortalecimento para a economia. Este país será usado como comparativo para o Projeto Jogo Justo.

Com a diminuição da tributação, mais pessoas terão interesse em comprar jogos, além da diminuição da pirataria. Isso fará com que o mercado brasileiro se desenvolva, além da possibilidade de mais produtoras se instalarem no Brasil, gerando de forma gradativa, mais empregos no setor.

Há dois tipos de pirataria em nosso país: aquela em que o produto chega ao país por meios ilegais, e por consequência não sofre tributação. Esse método geralmente acontece através de pessoas, os chamados “sacoleiros”, que vão até o Paraguai para comprarem diversos objetos, principalmente eletrônicos, e revenderem no Brasil. Mas há também os produtos piratas feitos em nosso próprio país e vendidos por camelôs. Essa prática consiste em uma reprodução não autorizada dos jogos, feita muitas vezes em computadores caseiros com softwares de cópia de CDs e DVDs. Ambas as práticas constituem crime e acarretam em perda para o país, visto que os produtos não sofrem tributação, além de causarem antipatia pelo país das empresas criadoras dos jogos.

Com a criação do projeto houve uma mudança de postura das empresas internacionais e nacionais de desenvolvimento e revenda do setor de jogos. Elas agora firmaram parceria com o Jogo Justo para que as tributações diminuam. Também perceberam que o brasileiro quer poder comprar uma cópia original de seus produtos. O imaginário da malandragem brasileira, amplamente difundido no exterior e até no cenário local, vem dando lugar a uma postura de consciência social. As empresas que apóiam o Jogo Justo são muitas e, a cada dia mais, surgem novas parcerias. Dentre elas estão Wal-Mart; Leitura; Ponto Frio; Hudson, empresa japonesa conhecida mundialmente por dois jogos clássicos, Bomber Man e Deca Sports; EA Eletronic Arts™, produtora de jogos como Need for Speed e The Sims e a parceria mais recente é com a RaLight Solutions, empresa espanhola independente que trabalha nos seguintes ramos: criação e desenvolvimento de conteúdos para os formatos digitais, comercialização de closeouts e representação de licenciamento de videogames e jogos de PC para o mercado latino-americano, incluindo o Brasil.

O Projeto Jogo Justo está caminhando com seriedade e insistência e já pode ser considerado um projeto forte. Torço para que esta iniciativa não ‘acabe em pizza’ e que realmente seja concretizado seu objetivo, pois isso trará imensa oportunidade de crescimento da economia brasileira e do desenvolvimento da consciência social contra a pirataria.

Larissa Moura

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